Adolescentes de outrora ...adoleslescente séc.XXI

Uma das minhas tarefas interessantes do meu dia a dia é acompanhar a minha adolescente à escola, acompanho-a todos os dias assim como vou às reuniões escolares periódicas. Mas o que mais me fascina neste ambiente escolar é observar os jovens de hoje!

Ora bem, analisando os factos, cada adolescente tem a sua própria adolescência, embora tenham caracteristicas comuns, sem as quais seria dificil definir esta fase da vida de que tanto se fala agora.

Nos meus tempos de espera do toque de saída fico a divagar sobre o que foi a minha fase de adolescência. Lembro-me que por volta dos meus 13 ou 14 anos e os rapazes um pouco mais tarde entrávamos naquilo que se designava “idade do armário”. Era assim que se chamava na minha geração a fase de adolescência.

Não se falavam em hormonas embora estas continuem no mesmo sitio e com as mesmas funções! A relação pais / filhos consistiam em nos darem na cabeça e dizerem para os amigos: “Estão na idade do armário, isto passa mais dia menos dia”.

Tornámo-nos adultos ainda bastante jovens, ficávamos sózinhos em casa onde tudo era permitido, estudavamos o menos possivel. Ouviamos música “Like a Virgin” de Madonna e dançavamos para o espelho (falo das raparigas).

Sair com os colegas era coisa rara. Aproveitávamos as saídas durantes umas baldas às aulas. Íamos ao café fumar o cigarro e comportávamo-nos como adultos.

O meio de comunicação com os colegas durante o período fora da escola era feito através do telefone fixo lá de casa que por sua vez era controlado ao fim do mês quando os nosso pais recebiam a factura dos TLP’s.

Mas corríamos alguns riscos, pelo menos é o que constato quando leio reportagens sobre o tema segurança nos dias de hoje:
- Não usavamos cintos de segurança. Lembro-me que viajava no banco de trás deitada com a cabeça sobre uma almofada e lia os livros do Tio Patinhas perguntando insistentemente: “Ainda falta muito para chegarmos?”

- Repartia a sandes com a minha colega preferida, dentada a ti,a dentada a mim, sem pensarmos nas doenças possiveis de transmitir, bebíamos água da torneira nas casas de banho, até andavamos ao murro sem ninguém se meter e fazíamos as pazes na hora...

Os adolescentes de hoje têm telemóvel, internet (comunicam via messenger), televisão no quarto, e outros acessórios da moda. Se vão em grupo, das duas uma, ou vão calados porque cada um vai a curtir o seu Ipod ou então abrem a boca e dizem asneirada...

No entanto, os pais sempre que podem vão levá-los à escola e buscá-los (é o meu caso), vivemos aterrorizados com o que lhes pode acontecer, uma boleia mal intencionada, por exemplo. Fechamos os nosso filhos nos ATL’s, com a desculpa de que necessitam de ajuda e orientação nos trabalhos escolares. Preenchemo-los com aulas de música, ginástica, natação... e finalmente chega a noite e regressam com os pais a casa. Depois é um “toca a despachar” para se deitarem cedo porque as aulas começam às 8 da manhã. Os adolescentes de hoje não têm tempo! Um bem que nos é tão precioso!

Mas nós pais, sabemos exigir! Notas para entrar na faculdade!

- Tens de ser engenheiro para ganhares dinheiro para poderes comprar um carro de gama alta e por esta razão tens de atingir as médias que tão necessárias são para ingressares na faculdade – palavras do pai para a filha adolescente que só pensa no seu estilo gótico ...

No meu tempo, quando não queríamos estudar, mandavam-nos trabalhar! Hoje, recorre-se aos psicólogos e ao estudo acompanhado ( mais umas horas fechados entre quatro paredes).

Quanto ao falar em sexualidade, alto e pára o baile! Na minha geração poucos eram os pais que se sentiam à vontade para nos explicarem fosse o que fosse. Hoje, a mãe leva a menina ao ginecologista e pede-lhe para receitar uma pílula levezinha (???), o pai no meio de ataques de tosse seca, oferece uma caixa de preservativos ao filho sem entrar em grandes diálogos. Esta atitude dos pais de hoje mostra-nos que existe alguma preocupação, embora ainda muito fechada, sobre a sexualidade dos seus filhos, o que a meu ver é um passo muito importante.

Bem, mas sobre este tema muito se pode falar e escrever...
Apenas o fiz aqui porque entendi partilhar um pouco da saudade que tenho da minha fase do armário que tão bem vivi e fui feliz.
Tempo, era o que não me faltava e tenho pena que este bem tão precioso seja tão escasso para a juventude de hoje!

Escrito por Ana Jasmin

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