Que o pregador preocupe-se com sua vida de oração.
Um alerta se faz necessário aqui. Com o intuito de
desmistificar a oração, muitos espalharam a idéia de que é possível orar em
todo tempo, em toda situação e lugar. Com tal ensino pretendia-se derrubar a idéia
de que oração é apenas aquela feita de joelhos. Está correto. No entanto, na
prática, isso tem servido como travesseiro de penas para a consciência de
alguns cristãos, inclusive obreiros. Nada pode substituir aqueles momentos que
passamos exclusivamente na presença do Senhor, em oração. Da mesma forma que o
café da manhã não substitui o almoço, e a música não substitui a exposição das
Escrituras, a oração como exercício espiritual é insubstituível: “… quando
orares, entra no teu aposento e fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em
secreto…” (Mateus 6.6).
Haverá o pregador de se preocupar também com o seu preparo
intelectual. Indiscutivelmente, o Espírito Santo tem utilizado, e de forma
poderosa, pregadores sofríveis tecnicamente. Foi, por exemplo, o que aconteceu
na conversão de um jovem que se tornaria o príncipe dos pregadores. Spurgeon
nos conta que ao se refugiar da chuva no templo de uma Igreja Metodista,
deparou-se com um pregador que despertava ‘dó’ em seus ouvintes; porém, o
Espírito Santo usou aquele mensageiro para tocar profundamente no coração de
Spurgeon. São casos reais que, no entanto, não servem como desculpa para
aqueles que podendo receber melhor preparo, não o fazem, quer por preguiça
intelectual, quer por um conceito errôneo de espiritualidade.
Quanto mais culto é o pregador, mais fácil lhe será a árdua
tarefa de falar em publico, desde a preparação do seu esboço, até o momento de
entregar sua mensagem aos ouvintes. Isso facilmente se explica recordando que o
cérebro humano funciona como uma espécie de arquivo que armazena e
disponibiliza quantidade enorme de informações, sobre os mais variados
assuntos, nas mais diversas áreas do saber.
O pregador não deve confiar em alguma revelação instantânea
que o salvará no púlpito. Quando o Senhor Jesus fez promessa de enviar aos seus
discípulos um outro Consolador, disse-lhes: “Mas aquele Consolador, o Espírito
Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26). Parando apenas na
promessa de ser ensinado, muitos se esquecem do meio utilizado pelo Espírito:
fazer lembrar.
Durante cerca de três anos Jesus ensinou aos seus discípulos
coisas que eles sequer eram capazes de assimilar no momento, mas quando o Dom
da Promessa se realizou, todas aquelas informações passaram a fazer sentido e,
hoje, são as bases da coletânea de escritos que conhecemos como Novo
Testamento.
Não é incrível que algum pregador atual se ache detentor de
uma unção que nem mesmo os discípulos tiveram? Portanto, que o pregador invista
em sua bagagem cultural. No caso de possuir alguma formação superior, não
necessariamente em teologia, ele já trará consigo uma bagagem considerável.
Seja como for, seus conhecimentos devem continuar sendo acumulados diariamente.
Como fazê-lo? Com atividades simples como: cursos de especialização, reuniões
cientificas ou culturais, visitas regulares a bibliotecas, a compra regular de
bons livros, a leitura de um bom jornal diário, ou mesmo pela Internet. Com o
passar dos anos o pregador irá notar que apesar do consciente se ‘esquecer’ de
praticamente tudo o que leu, o inconsciente jamais o fará. Com efeito, o
subconsciente criará um arquivo de informações que podem ser acessadas pelo
indivíduo que acumulou conhecimentos através dos anos.
Fazer anotações daquilo que se lê pode ser de grande auxilio
para usos futuros, desde que se tenha o cuidado de organizar adequadamente tais
informações. De nada valerá um punhado de anotações aleatórias e confusas. E a
informática poderá ser de grande utilidade para o pregador. Utilizando o
sistema de pastas virtuais, o pregador terá sempre em mãos algo semelhante aos
melhores arquivos físicos que poderia comprar. Falaremos mais sobre esse
assunto em outra ocasião.
Deus continue abençoando os nossos pregadores.
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