Já faz algum tempo que a expressão “Gestão de Equipes de Alto Desempenho” está em moda no mundo organizacional. Infelizmente, em muitas empresas, há mais discurso do que prática. Sobre isso nosso entrevistado afirma que é na Bíblia que as empresas deveriam buscar um modelo de alto desempenho.

Hothir Marques Ferreira tem currículo e experiência para falar sobre o assunto. É formado em Administração de Empresas pela PUCCAMP e tem MBA em Recursos Humanos pela USP. Além disso, participou de programas da OIT – Organização Internacional do Trabalho em Turim na Itália e em Genebra na Suíça. São mais de 20 anos de experiência acumulada em Recursos Humanos.

Atualmente ele é o Gerente de Recursos Humanos do Instituto Presbiteriano Mackenzie e Presbítero na Igreja Presbiteriana da Vila Mariana em São Paulo, onde é relator do processo de Planejamento Estratégico.

Como você define o conceito de gestão de equipes?

Hothir - Em uma visão cristã e de maneira sucinta é uma forma de servir por meio de ações que influenciem outros também a servir, estimulando-os a somar competências e esforços no alcance de resultados que beneficiem a coletividade. Mas não podemos ignorar a natureza humana. Inevitavelmente temos que lidar com a vaidade, poder e conflitos de interesse, entre tantos outros.

Qual a diferença básica encontrada na gestão de equipes em igrejas e em outras organizações?

Hothir - O serviço na igreja é voluntário, portanto, à primeira vista, desprovido de ênfases próprias do mundo corporativo, como a busca de dinheiro e poder. Não sem razão as empresas têm investido e estimulado seus colaboradores a se envolverem com ação social e serviço voluntário, também como forma de experimentar relações menos competitivas. Neste aspecto a gestão de equipes tende a ser menos complexa nas igrejas.

Que boas práticas de desenvolvimento de equipes nas empresas podem ser utilizadas nas igrejas?

Hothir - Aquelas que podemos observar na própria Bíblia por meio de uma leitura mais acurada: o senso de serviço e responsabilidade, a valorização dos outros, de seus dons e competências, a cooperação e o trabalho em equipe.

O conceito de “equipes de alto desempenho” pode ser aplicado ao contexto eclesiástico?

Hothir - Pode sim. A Bíblia registra vários casos de “equipes de alto desempenho”. Veja a história de Neemias na reconstrução dos muros de Jerusalém, Jesus e seus discípulos, o Apóstolo Paulo e seus pares nas viagens missionárias. Todos eles alcançaram no seu tempo resultados que contribuíram para mudar o curso da história e da vida de milhares. Penso que podemos inverter a pergunta da seguinte forma: As experiências de “equipes de alto desempenho” registradas na Bíblia podem ser aplicadas ao contexto corporativo?

De que maneira as relações pessoais interferem no desempenho de uma equipe? E quanto ao líder da equipe? Qual o papel a ser desempenhado nas relações entre os integrantes?

Hothir - O desempenho é reflexo direto das relações entre os membros da equipe. Se elas são tensas, ele é baixo e, conseqüentemente, o resultado é insatisfatório. O líder tem que conciliar esforços para o alcance de resultados e de relacionamentos equilibrados. Ele deve ser sensível e, na hipótese de tensão, agir com sabedoria no intuito de restabelecer a harmonia que, como dito, é fundamental para o resultado.

Quais os aspectos mais importantes para que se consiga atuar em equipe?

Hothir - Paulo, no capítulo 12 da carta aos Romanos, nos exorta a renovar a mente e, versículos à frente, indica atitudes para isto nos relacionamentos: o amor sincero, a honra ao outro, o empenho para viver em paz. Penso ser importante também a celebração de conquistas, compartilhada com a equipe, mesmo as pequenas, como demonstração de gratidão a Deus e de uns para com os outros. Isto pode animar e afinar relacionamentos, maximizando desempenho e resultados.

Que estratégias ou ferramentas você aconselharia para pastores que desejam desenvolver líderes de ministério que atuem em equipe?

Hothir - Além dos comentários da questão três, penso que também é importante ser sensível na percepção e estímulo de pessoas ao exercício de seus dons e competências, desenvolver líderes, desafiar equipes na reflexão e ações para alcance de outros no complexo mundo pós-moderno. As técnicas podem ser de gestão participativa e trabalho em equipe, planejamento estratégico e ferramentas que estimulem a inovação e a criatividade.
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