Adolecencia um periodo Critico

A adolescência é definida cronologicamente como o período compreendido entre 10 e 19 anos, no qual acontecem grandes mudanças físicas e psicológicas. Entre 10 e 14 anos haveria o surgimento dos caracteres sexuais secundários e, entre 15 e 19 anos, a finalização do crescimento e desenvolvimento morfológicos (OPAS,13 1995). Se a gravidez acontece nessa fase, o nascimento da criança ou a opção do aborto ocorrem em um período de transformações intensas. Torna-se cada vez mais claro que a gravidez na adolescência é primariamente um problema social que pode acarretar conseqüências médicas (Hollingworth e Kreutner,11 1980).
Filhos de mães adolescentes tendem a sofrer mais negligência ou abusos (OPAS,13 1995) e correm maior risco de serem dados em adoção (Pinotti e Silva,14 1987) que os filhos de mães com mais idade. Uma mãe adolescente corre o risco de maior mortalidade por complicações obstétricas e no parto, toxemia gravídica e partos prematuros, principalmente naquelas sem assistência pré-natal (Pinotti e Silva,14 1987; Fraser et al,9 1995). Complicações da gravidez, parto e puerpério apresentam-se como a principal causa de morte na faixa de 15 a 19 anos, especialmente pelos estados hipertensivos, infecções puerperais, hemorragias e abortos (Siqueira e Tanaka,17 1986; Scholl et al,15 1994).
Nos EUA existiam cerca de 16% de mães adolescentes entre 1979 e 1980 (Wegman,22 1983), aumentando rapidamente até o final da década e declinando a partir de 1991 até 1997 (Ventura et al,21 1998). No Brasil, em 1996, a percentagem de meninas entre 15 e 19 anos que já iniciaram a vida reprodutiva, seja porque estavam grávidas ou se tornaram mães, foi de 18%, sendo 20% na zona rural e 13% da zona urbana. Estimou-se que 20% de todos os nascidos vivos nos últimos cinco anos foram de mães adolescentes (BEMFAM,2 1997). Em Ribeirão Preto, entre 1968 e 1970, esse valor foi de 11,7% (Teruel et al,19 1975) e, dez anos depois, em 1978 e 1979, foi de 14,1% (Bettiol et al,5 1992). Os riscos de agravos à saúde perinatal ¾ como baixo peso, prematuridade, multiparidade, atenção médica, pré-natal inadequado e hábito de fumar ¾ estavam mais relacionados com a classe social à qual a adolescente pertencia, do que propriamente com as características biológicas desta faixa etária (Bettiol,4 1990).
O objetivo do presente trabalho é comparar a prevalência de gravidez na adolescência e analisar variáveis sociobiológicas relacionadas ao binômio mãe-filho entre duas coortes de mães adolescentes do Município de Ribeirão Preto, SP, em 1978-1979 e 1994.

MÉTODOS
Duas coortes de recém-nascidos foram estudadas em Ribeirão Preto, SP: uma durante um ano, de junho de 1978 a maio de 1979, e outra durante quatro meses, de maio a agosto de 1994. Em ambos os inquéritos foram entrevistadas todas as mães que deram à luz a recém-nascidos vivos, logo após o parto. As entrevistas foram realizadas em todos os hospitais que tinham serviço obstétrico, 8 unidades em 1978/79 e 10 em 1994, que atendiam a mais de 98% dos nascimentos ocorridos no município. Em 1994 coletaram-se dados referentes a todos os nascimentos vivos de 4 meses consecutivos pois a análise prévia dos dados de 1993 mostrou que não houve sazonalidade na distribuição dos nascimentos, nem de algumas variáveis importantes, como taxas de baixo peso ao nascer e idade materna no parto, por exemplo (Bettiol et al,6 1998). As recusas e fichas incompletas corresponderam a menos de 5% do total de nascimentos nas duas amostras. A seleção das participantes e a coleta dos dados foram padronizadas nos dois inquéritos para garantir a comparabilidade dos dados. Detalhes da metodologia encontram-se em publicações anteriores (Barbieri et al,1 1989; Bettiol et al,6 1998).
Para o presente estudo foram selecionadas as entrevistas de mães procedentes de Ribeirão Preto, que tiveram parto único, com idade inferior a 20 anos, divididas em 2 grupos etários, de 13 a 17 anos e 18 a 19 anos. As variáveis e categorias estudadas foram: situação conjugal (com companheiro - com ou sem vínculo civil ou religioso, e sem companheiro), escolaridade baixa (sim, menos de quatro anos de freqüência à escola sem considerar os anos de repetência, e não), atividade remunerada (sim, quando desempenhada atividade com remuneração, mesmo que fosse desempenhada no próprio lar, e não), hábito de fumar (sim, se consumido diariamente ao menos um cigarro, e não), número de consultas no pré-natal (nenhuma, 1 a 4, 5 ou mais), tipo de assistência ao parto (pública, incluindo aquelas cobertas pela seguridade social ou atendidas em instituições estatais gratuitas em 1978-79 e usuários do SUS em 1994 e privada, incluindo as que têm plano privado de saúde, do tipo pré-pagamento ou que pagaram diretamente pelos serviços utilizados), baixo peso ao nascer (sim, peso menor que 2.500 g, e não), tipo de parto (normal, cesáreo ou fórceps), prematuridade (sim, menos de 37 semanas de gestação, e não).
Na análise estatística utilizou-se o teste do qui-quadrado, empregando-se o nível de significância de 0,05.

RESULTADOS
Foram estudadas 943 mães adolescentes de 1978/79 e 499 de 1994. Observou-se aumento no percentual de mães adolescentes, de 14,1%, em 1978/79, para 17,5%, em 1994 (p<0,05). href="http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102000000200006#figura#figura">Figura). Devido a essa diferença, analisou-se a distribuição das variáveis nos dois inquéritos, separadamente para as faixas etárias de 13 a 17 anos e de 18 e 19 anos.

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